quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ser criança

  Quando eu olho no espelho, posso ver a mesma que sempre fui… Com muitas mudanças internas – e até externas -, mas na essência, continuo sendo a mesma, porque há coisas que não podemos mudar. Aliás, não se muda quem se é, e sim, nossas atitudes, que nos moldam – seja para pior, ou para melhor. Mas sempre haverá algo de nós, pelo resto de nossas vidas, porque o que é intrínseco, não há como ser modificado, independentemente do que aconteça.

Há tempos sabemos o que é o amor, pela superfície, pela observação, pelos contos... “E serão felizes para sempre”. Era isso que eu lia nos contos de fadas... Príncipes, princesas, fadas... É tudo muito lindo quando se vive nesse mundo imaginário, onde só as crianças conseguem ir a fundo, pela inocência que se é necessária para tal. Tornamo-nos não tão ingênuos e menos ainda inocentes. É claro, as experiências nos fazem evoluir de alguma forma, tendo algumas características modificadas, ou arrefecidas, se assim preferirem dizer. E neste mundo real, percebemos que a nossa infância se torna cada vez mais longe, e os problemas, cada vez mais perto.

Ser criança é poder desfrutar de inúmeras companhias, sem se preocupar com a cor do outro; é poder sorrir por um simples gesto de afeto; é poder dar valor a um pedaço de papel e uns lápis de cores distintas. Se as crianças não sofressem, ao longo de suas vidas, as influências da sociedade, continuariam por mais tempo vendo o mundo colorido, onde não há maldade, tampouco discriminação. Se uma criança, sem qualquer influência externa, tiver que dar as mãos a um negro ou a um branco, não fará diferença a ela; se tiver que falar com um homossexual ou um heterossexual, falará da mesma forma, sem alteração de voz ou gentileza; se tiver que lidar com alguém muito rico e outro muito pobre, não fará nenhum tipo de distinção...

Felizmente ou infelizmente, toda criança evolui com a influência de seus pais, dos seus familiares, dos professores das escolinhas e dos seus colegas, e isso faz com que ela esteja sujeita a se tornar um alguém muito bom antes mesmo de entender ao certo o porquê de agir dessa forma, ou alguém fútil. Essas características podem, sim, serem modificadas no futuro, porém, uma boa parcela acaba se tornando irreversível. Como é o caso de algumas das crianças nascidas em favelas que tiveram que lidar com pessoas de má índole e, muitas vezes sem escolha, tornaram-se marginais; outras sofreram abusos sexuais na infância e se tornaram pessoas amarguradas, com problemas psicológicos sérios, com riscos de suicídio...

Por isso, devemos trazer da infância tudo o que havia de bom... Aquela pureza; o sorriso singelo; as brincadeiras sem malícia... E devemos lembrar do amor, daquele puro, de contos de fadas, sem egoísmos ou cobranças; do “felizes para sempre”, e, lembrando disso, saberemos o quanto é importante ser criança, em todos os sentidos, e lutaremos, juntos, pela preservação de sua ingenuidade, contra aqueles que querem fazer mal a elas. Assim, faremos com que tenham boas lembranças como nós, ao chegarem na fase adulta; tornar-se-ão cidadãos de bem, que respeitam o próximo. Lembrem-se: é na infância que se tem as primeiras descobertas, e tudo depende dela.

Antecipadamente, desejo a todos um "Feliz dia das crianças". 
Pelas nossas crianças e pelas que ainda existem dentro de cada um de nós!